dezembro 29, 2011

Rui Zink em Português Grande

Extrato de entrevista de Rui Zink ao Jornal do Fundão de 2010março31 (transcrição ortográfica atualizada):

Jornal do Fundão: E é preciso tanto “barulho” sobre o novo acordo ortográfico?
Rui Zink: Sou completamente a favor. Nós não somos os donos da língua... a única forma de evitar que a língua que nós falamos passe a ser uma espécie de mirandês, muito bonito, com interesse arqueológico, mas sem projeção internacional, é colarmo-nos ao Brasil. Quando as pessoas dizem “ai, mas nós é que falamos o bom Português”, eu não sabia que em Portugal havia tanta gente a falar bom português, a escrever bom português, a ler bom português e não sabia que nós tínhamos exatamente o mesmo sotaque de São Miguel ao Porto....
Houve uma coisa que me horrorizou... Há uns três anos fui a Paris e vi um dicionário “Francês - Brasileiro” e logo na introdução diziam que o português de Portugal já não tem nada a ver com o português do Brasil... Já são duas línguas completamente opostas. É evidente que a França aqui, embora seja nossa amiga, é rival. E eu tive oportunidade numa conferência que dei a certa altura dizer: “ah, pois, eu no outro dia estava com uns senhores que estavam a falar senegalês”. E aí os franceses levantaram-se logo a dizer “não é senegalês, é francês”... E eu disse: “Oh meus filhos da p***, se vocês falam do brasileiro e do português, então, também há o senegalês”. Quando o nosso adversário nos quer dividir, acho um tiro no pé este nacional-patriotismo em relação à ortografia perfeita, até porque nós não usamos a mesma ortografia que o Fernando Pessoa usou. Uma pessoa habitua-se.
JF: Acha, então, que Vasco Graça Moura, entre outros, está a fazer muito “barulho” por nada?
RZ: Acho que Vasco Graça Moura já tinha um ódio ao português visível na sua obra. E agora tem mais. Só o revelou, veio à tona.

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