setembro 26, 2012

Nuno Pacheco: um desmentido, muitos equívocos, lógicas de “acampada” e um agradecimento

Primeiro, o desmentidoo subdiretor do Público, Nuno Pacheco, diz que não arranjou uma espanhola.


Desfeito o boato, vêm os equívocos, as confusões.

O subdiretor do Público refere que há filólogos, escritores, jornalistas, políticos, etc que estão contra o AO90, logo, o AO90 é “mau”. Mas omite de que há filólogos, escritores, jornalistas, políticos, etc que estão a favor do AO90, o que, pelo mesmo critério, faz do AO90 “bom”. Não deve um jornalista e um jornal referir todas as perspetivas e opiniões com profissionalismo, transparência e isenção (a tal "ética jornalística") e deixar ao critério dos seus leitores as conclusões sobre um determinado tema, qualquer tema, todos os temas, incluindo o AO90?

O subdiretor do Público inclui António Emiliano e Rui Ventura Duarte nos especialistas que se opõem ao AO; mas omite que um deles acha que os argumentos do outro sobre o tema não valem um caracol e, de facto, tem toda a razão.

O subdiretor do Público acha que por fomos delegantes porque escrevemos que Eça falava em espanholas mas não as punha a falar. No entanto, ele não acha deselegante permitir que uma espanhola use o Público para pedir para a nossa Língua o que não quer para a Língua dela; não acha deselegante que uma espanhola, que se auto reconhece incompetente no tema, use o Público para deturpar factos sobre o AO e até sobre a sua própria Língua; não acha deselegante que o Público promova uma campanha de difamação do AO a que chama “debate” para que apenas convida quem tem opinião desfavorável.
Conclusão: o subdiretor do Público está para as lições de elegância sobre "espanholas" como o hipopótamo para as lições de elegância sobre "como comer de boca fechada".

O subdiretor do Público relembra que 87 delegações internacionais do PEN se mostraram recentemente desfavoráveis ao AO90; mas omitiu que, obviamente, se equivocaram porque sugeriram como bons exemplos de respeito pela diversidade linguística - que devem ser seguidos pela Língua Portuguesa - precisamente duas Línguas internacionais com ortografia uniformizada; ver: O PEN Internacional sugere que a Língua portuguesa deve retomar o anteriorestatuto de inferioridade face às outras Línguas internacionais recuando na aplicação do AO90.

O subdiretor do Público acha que depois do AO cada um escreve como quer. Mas isto não é verdade porque as facultatividades trazidas pelo AO estão inequivocamente delimitadas, e nada têm a ver com os exemplos publicados. Acresce que, antes como depois do AO90, já existiam vocábulos que se grafavam de forma diferente em função da pronúncia. Sugestão: para evitar esta e outras confusões e mentiras sobre AO, ver: "Falácias frequentes sobre o AO90", ponto 4.

O subdiretor do Público inclui entre os "especialistas” que estão contra o AO90 o nosso Pedro Afonso, dirigente da AEIST. Mas é preciso ver melhor se é assim porque o Pedro Afonso foi estudar, e por esta altura ele é bem capaz de já ter percebido que afinal andavam a enganá-lo, a meter-lhe medo; quem quiser perceber porquê, pode ler: NãoTenhas Medo, Pedro.

O subdiretor do Público acha que a vontade da maioria dos membros da AEIST está para a vontade dos "estudantes do Técnico" como a assembleia "popular" do Rossio para a vontade dos habitantes deste país. Nada de surpreendente, já se tinha percebido que a oposição ao AO em Portugal se faz com lógicas de “acampada”.

O subdiretor do Público acha que o AO90 é "mau" porque 6 (seis) palavras que antes tinham ortografia idêntica em Portugal e no Brasil agora que se escrevem de forma diferente. Mas omite o facto de cerca de 10,000 palavras que antes tinham ortografia diferente em Portugal e no Brasil agora se escrevem de forma idêntica. Uma vez mais, a “lógica da acampada” para demonstrar a existência de maldades imaginadas.


Expostas as confusões, segue-se um agradecimento: no domingo e na 2af o Sitemeter indicou um aumento anormal de visitas ao blog vindas do Google sob a pesquisa “Em Português Grande”. Confesso que só ontem percebemos porquê. Pois aqui fica o mais que merecido agradecimento ao Público, e muito em particular ao seu subdiretor, que me parece justo que tratemos por amigo, por esta oportunidade (particularmente deliciosa) de dar a conhecer a muitos uma visão maior da nossa Língua. Em retribuição, oferecemos-lhe uma musiquinha, e em espanhol.


setembro 24, 2012

“ATIV”; a SAMSUNG aderiu às vantagens fonéticas e gráficas da Língua Portuguesa





A ideia foi procurar uma designação que indiciasse as qualidades que o fabricante associa à gama: simples, poderoso, belo. Por alguma (boa) razão, os responsáveis de marketing perceberam que “ATIV” é melhor que “ACTIV”.

Em jeito de graça, pode bem dizer-se que a SAMSUNG descobriu agora o que a Língua portuguesa descobriu há séculos; de facto uma das principais caraterísticas evolutivas e identitárias do Português é a rejeição das sequências consonânticas.
Exemplos: respectare>respeitar,  septimo>sétimo, damnu>dano, signale>sinal, contractu>contrato, activus>ativo.

Parece que na SAMSUNG também há quem goste do AO90 e do Português.


setembro 20, 2012

Visão: Regras do Acordo Ortográfico - vol.2





Visão desta semana oferece o segundo de dois volumes de um manual explicativo do Acordo Ortográfico.




Índice do 2º volume:
- Trocado por miúdos [exemplos de aplicação]
- Agora sem ajuda [exercícios]
- História da ortografia
- Polémica


setembro 19, 2012

O PEN Internacional sugere que a Língua portuguesa deve retomar o anterior estatuto de inferioridade face às outras Línguas internacionais recuando na aplicação do AO90

O Centro português do PEN Internacional pediu e viu aprovado no 78º congresso do PEN Internacional um parecer negativo sobre o AO90.

Nos termos desse parecer:

- O PEN Internacional concorda com os representantes portugueses quanto à rejeição da estandardização ortográfica na Língua Portuguesa; entretanto, nenhum representante de países que usam outras Línguas internacionais com ortografia uniformizada – Francês, Holandês, Alemão, Árabe e Espanhol – se queixaram da existência de malefícios advenientes da estandardização das respetivas ortografias.

- O PEN Internacional considera que a estandardização ortográfica limita a criatividade e a diversidade na Língua Portuguesa; a "prová-lo" deu como bons exemplos de respeito pela criatividade e diversidade precisamente duas Línguas internacionais com ortografia estandardizada: o Francês e o Espanhol, como se pode ler nos dois trechos seguintes extraídos da tradução divulgada pelo Centro português::
"A força motriz da língua francesa hoje em dia, com origem em todas as suas bases pelo mundo fora, é de tender para uma inclusão das diferenças na língua. O resultado é a possibilidade crescente de uma atmosfera nova e muito positiva em torno do Francês, por exemplo em África."
"São precisamente as diferenças locais, nacionais e hemisféricas dentro da língua espanhola que lhe conferem uma força crescente. As diferenças nutrem-se mutuamente. A criação do Dicionário da Real Academia Espanhola, em cooperação com as Academias de língua espanhola em todo o mundo, tinha como objectivo incluir todas essas diferenças." 
- O PEN Internacional desaprova que em Portugal a ortografia esteja a ser imposta através do Estado; mas nada refere quanto ao facto de todos os Estados imporem a norma ortografia pelas mesmíssimas vias administrativas.

- O PEN Internacional lamenta que as empresas exijam que os tradutores escrevam sem erros ortográficos, isto é, segundo a norma ortográfica vigente; mas não parece mal ao PEN que se passe o mesmo em qualquer outro país, sob pena de serem os utentes da Língua a queixarem-se dos tradutores e das empresas que os contratam.

- O PEN Internacional queixa-se da suposta obrigatoriedade do uso de ortografia atualizada pelos escritores; mas omitiu o facto de não existir qualquer escritor que alguma vez tenha sido impedido de publicar usando a ortografia antiga.


Infelizmente, o PEN Internacional atendeu apenas à opinião que foi aprovada pela maioria dos associados do Centro português Foi pena, porque, por exemplo, talvez a consideração da opinião de escritores como Alice Vieira, Lídia Jorge, Mia Couto, ou José Eduardo Agualiua tivesse impedido o PEN de aprovar um parecer que pede para a Língua Portuguesa um estatuto de inferioridade face àquele que atribui a outras Línguas internacionais.


Leituras complementares:

setembro 14, 2012

"sou português, cidadão da língua. sigo o acordo ortográfico"

Aqui fica a segunda descoberta tardia mas preciosa (a anterior foi esta).

Deliciem-se.
sou português, cidadão da Língua. sigo o Acordo Ortográfico.
as duas únicas boas razões para se ser contra a nova ortografia da Língua Portuguesa são a ignorância e a preguiça. todas as outras são piores.
hoje até concordo com aqueles que andam para aí a dizer que o grande Fernando Pessoa nunca concordaria com a nova ortografia. e têm toda a razão. o Fernando Pessoa não concordaria. era um aristocrata, levemente monarchico. vejam lá que nem sequer concordou com a ortografia de 1911, que eles tanto defendem. é que ele defendia a ortographia archaica. ponto final. paragrapho.
esqueça-se o chauvinismo, a xenofobia e o colonialismo recesso e arrogante, e a importância da nova ortografia impõe-se por si mesma. na verdade, a força do graçamourismo não está na sua argumentação patética e pseudolinguística, mas na habilidade com que explora o lado mais negro da alma portuguesa.
vi há dias um desses textos muito criativos dos graçamouristas. dizia ele que nós, os adeptos e seguidores da nova ortografia, usamos um Português amputado. usamos, sim senhor, amputado dos pontos negros, verrugas, cravos e tumores ortográficos que o desfeavam e complicavam a leitura da escrita. ainda bem que os amputámos.

Este texto é de José Cunha-Oliveira, e foi publicado aqui a 16 junho 2011.
Sugere-se vivamente a leitura das entradas seguintes do mesmo autor disponíveis no link; a acompanhar.

A transcrição respeitou a opção do uso de maiúsculas do original.

setembro 13, 2012

Visão: Regras do Acordo Ortográfico - vol.1




Visão desta semana oferece o primeiro de dois volumes de um manual explicativo do Acordo Ortográfico. Trata-se de uma versão "revista e ampliada" de uma edição anterior.




Este 1º volume expõe as seguintes mudanças ortográficas:
- Alfabeto
- Minúsculas
- Maiúsculas e minúsculas
- Consoantes mudas e duplas grafias
- Acentuação
- O uso do hífen
- Minidicionário da Mudança

setembro 09, 2012

A espanhola do "Público" está contra o AO90 mas não está contra a "Nueva Ortografía" de 2010

Uma espanhola, de nome Rocio Ramos, foi a mais recente convidada do subdiretor do 'Público", Nuno Pacheco,  para emitir opiniões difamatórias sobre o AO90, perante o incómodo cada vez menos mudo de responsáveis e jornalistas daquele diário.

Esta espanhola de Nuno Pacheco manifesta irritação pela uniformização da ortografia da Língua Portuguesa, emite opiniões técnicas sobre o AO90 (apesar de se reconhecer incompetente para o efeito), deturpa grosseiramente o âmbito e o propósito do AO90, e pretende o Português equiparado às Línguas menorizadas do Estado espanhol (galego, basco, catalão e valenciano).

Mais ainda, a espanhola de Nuno Pacheco acha que o Português devia ser como o Espanhol porque em Espanhol (1) são aceites várias normas ortográficas e, (2) é a “RAE [Real Academia Espanhola de Letras] quem dita as normas, uma vez que é a Espanha o país do qual a Língua é originária.”.

Ora, se a espanhola de Nuno Pacheco - e o próprio Nuno Pacheco - se tivessem dado ao trabalho de consultar os sítios da RAE e da  ASALE, teriam lido o seguinte:
La política lingüística panhispánica
En los últimos años [após 1999], la Real Academia Española y las veintiuna [21] Academias de América y Filipinas que con ella integran la Asociación de Academias de la Lengua Española vienen desarrollando una política lingüística que implica la colaboración de todas ellas, en pie de igualdad y como ejercicio de una responsabilidad común, en las obras que sustentan y deben expresar la unidad de nuestro idioma en su rica variedad: el Diccionario, la Gramática y la Ortografía. Continuar a ler aqui 

Portanto, e ao contrário do que divulga o Público, o Espanhol tem uma ortografia unificada apesar da grande diversidade fonética e de léxico, e a Real Academia Espanholda de Letras não tem supremacia sobre a emissão de documentos normativos da Língua.

E se alguém no Público gastasse menos tempo a odiar a internacionalidade da Língua Portuguesa e investigasse mais sobre a unidade na diversidade de outras Línguas internacionais como, por exemplo, o Espanhol, saberia que em 2010 foi publicada a nova Ortografía que, malgrado o nome, constitui uma reforma ortográfica com mais novidades e alterações do que as introduzidas pelo AO90.

E assim, sem mais, para a espanhola do Nuno Pacheco e outros opositores ao AO90, o “exemplo espanhol” passa, num ápice, de “bom” a “mau”.

O ódio cega, e o ódio de Nuno Pacheco ao AO90 é tão grande que o impediu de ver que a sua espanhola não tem as bases de conhecimento mínimas para publicar opiniões sobre ortografia da sua Língua numa folha paroquial domingueira, muito menos para publicar opiniões sobre a Língua de outros num jornal nacional. A respeito de espanholas, o Nuno Pacheco deveria fazer como o Eça: falava nelas, mas não as punha a falar.


Mas nem tudo é mau, porque a espanhola Rocio do Publico declara-se amante da Língua Portuguesa, pelo que o seu amor ao Português pode ser canalizado para nobres fins.

Assim, a espanhola Rocio do Público poderia associar-se à Além Guadiana no esforço desigual que esta associação oliventina desenvolve para reabilitar a cultura e Língua portuguesas em Olivença, ambas à beira da extinção ao fim de 200 anos de linguicídio perpetrado pelo estado espanhol naquele território ocupado.

A espanhola Rocio do Público poderia também associar-se à Academia Galega da Língua Portuguesa na obra de promoção da reintegração do Galego-Português na dimensão internacional da Língua, única forma de reverter o processo de descaraterização e implosão da variante mais antiga do Português, submetida oficialmente à ortografia castelhana.

Como é evidente, estas associações adotaram o AO90 porque a permanência do Português oliventino e do Galego como ghettos linguísticos foi e é um fator de anulação e inutilidade, logo, de extinção.


Finalmente - e já que a espanhola Rocio do Público acha que os portugueses devem preferir o separatismo linguístico à unidade, a etimologia clássica à simplificada - sugere-se que ela vá para o seu país defender o mesmo para a sua Língua, isto é, que peça a consagração de ortografias diferenciadas em cada um dos países espano-falantes, e que proponha que em Espanhol se passe a escrever “objecto” em vez de “objeto”, "occulto" em vez de "oculto", “quanto” em vez de “cuanto”.