maio 24, 2013

Se a ignorância e a falta de estudo dessem equivalências…

"Considerando que o Acordo Ortográfico de 1990 não respeita a origem nem a evolução natural da Língua Portuguesa; (...)" (via Aventar)
Isto foi escrito e aprovado ontem numa assembleia de uma Associação de Estudantes universitários.

Estes estudantes não estudaram.

Se estes estudantes tivessem estudado, saberiam que o que não respeitou a origem e a evolução natural da língua portuguesa foi a carga de consoantes mudas e grafemas gregos que se começou inserir na ortografia a partir de meados do século 16.

Garcia de Resende ainda escreveu “proteitor”, aportuguesamento do latim “protector”, mais tarde adulterado por eruditismo ortográfico para “protector”. Camões ainda escreveu “aspeito”, aportuguesamento do latim “aspectu”, pouco depois adulterado por eruditismo ortográfico para “aspecto”. E porque escreveram Resende, Camões e tantos outros assim? Pelo mesmo motivo que nesse tempo (como hoje) se escrevia e pronunciava “respeito” aportuguesamento do latim “rescpectu”, ou “leitor” aportuguesamento do latim “lector”. Também nestes (e em outros) casos existiram tentativas de adulteração etimologizante e desfiguradora da ortografia e da fonética genuínas do Português, mas essas não vingaram.

É importante saber que entre as caraterísticas de formação e evolução da nossa Língua está a eliminação das sequências consonânticas herdadas do latim. As “protecções”, “redacções”, “tracções” têm ortografica e foneticamente o mesmo valor das “contractações”, “satisfacções”, “afflicções”, “addições”, e estas ninguém lembra nem sente falta. A RO1911 eliminou a generalidades dessas consoantes mudas, e só erro grosseiro algumas foram mantidas.

Se a ignorância e a falta de estudo dessem equivalências, estes estudantes tinham obtido a licenciatura ontem. Mais ou menos como estes.

Façam como o Pedro que foi estudar e já não se deixa enganar.


Também noticiado no "Publico".

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