Naturalmente que a nostalgia que habita em mim prefere "actor" a "ator", "acção" a "ação", por exemplo, mas também "Pharmacia" a "Farmácia". Ora, de "Pharmacia" ninguém falava, pelo simples facto de já ter caído em desuso faz tempo. Tal significa - e este ponto é importante - que a grafia portuguesa não se manteve estanque e a forma como os meus pais aprenderam a grafar algumas palavras é diferente daquela que aprendi, trinta e tal anos depois. Portanto, a razão da recusa do acordo ortográfico por parte de inúmeros cidadãos portugueses não deverá residir num apego à originalidade da língua, porque se for essa a razão estamos mal, afinal a grafia pré-acordo é já uma degeneração do português arcaico, por exemplo, porque ou muito me engano ou já ninguém escreve nos seguintes moldes:"Razoões desvairadas, que alguuns fallavam sobre o casamento delRei Dom Fernamdo".
Desta forma, só consigo vislumbrar uma razão simples para que o Acordo Ortográfico seja visto como uma abominação - o facto de ser um acordo com o Brasil. Sendo assim, o problema nada tem a ver com a grafia mas reside antes em recantos da xefonobia e do preconceito, resultantes de processos civilizacionais mal resolvidos.Texto integral aqui.
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