É habitual ler algumas avaliações negativas sobre o valor técnico do AO atendendo à eliminação do ‘p’ mudo em Egipto uma vez que o respetivo gentílico continua a ser egípcio.
No caso importa saber se a aparente discrepância Egito/egípcio é uma novidade na ortografia portuguesa trazida pelo AO ou se, pelo contrário, as irregularidades entre a designação de lugares (cidades, regiões, países) e os respetivos gentílicos são, afinal, normais e aceitáveis na língua portuguesa.
Procuremos, então, nomes de locais/países, em que os gentílicos estão mais próximos do étimo original (latino ou outro) do que a palavra usada para o lugar a que se referem:
Chipre – cipriota
Mónaco – monegasco
Beja – pacense
Braga – bracarense
Bragança – brigantino
Chaves – flaviense
Coimbra – conimbricense
Évora – eborense
Guimarães – vimaranense
Guarda – egitaniense
Lagos – lacobrigense
Santarém – escalabitano
e agora também, Egito – egípcio.
Em conclusão, a existência de gentílicos sem correspondência estrita com a designação atual dos lugares respetivos não é uma novidade na Língua Portuguesa; trata-se antes de uma situação normal, ainda que rara, própria de uma língua que, na sua génese, é uma corrupção sistematizada da língua de origem, o latim.
Acresce que o 'p' de 'Egito' foi mantido na reforma ortográfica portuguesa de 1911 por um simples motivo: ao tempo, aquele 'p' era pronunciado; de outro modo teria sido eliminado como aconteceu por exemplo, com o 'c' de 'dicionário', apesar de ter mantido sido mantido em 'dicção'. Recorde-se que todas as consoantes etimológicas não pronunciadas foram eliminadas na reforma ortográfica portuguesa de 1911, restando apenas aquelas que, supostamente, influenciavam a pronúncia de uma vogal átona anterior.
Portanto, a questão que se coloca àqueles que imaginam que encontram um “erro técnico” em Egito/egípcio é a seguinte: o que é que o par Egito/egípcio (pós AO) tem de tão errado que o par Chipre-cipriota (antes e pós AO) e muitos outros têm de tão certo?
Em conclusão: nenhuma semelhança entre qualquer dos exemplos apresentados e a parvoíce do par "Egito" (porque não ler "égito"?) e "egípcio"...
ResponderExcluirRato,
ExcluirEu tinha a sensação de que todo o descordista tem QI abaixo de 50%. Depois, e tendo em atenção os efeitos que este pequeno post (e outros) teve na argumentário caturra, percebi que tinha que dividir os caturras no grupo A (QI entre 50% e 75%) e B (QI abaixo de 50%.
Vc está no grupo B.