Nos termos desse parecer:
- O PEN Internacional concorda com os representantes
portugueses quanto à rejeição da estandardização ortográfica na Língua
Portuguesa; entretanto, nenhum representante de países que usam outras Línguas
internacionais com ortografia uniformizada – Francês, Holandês, Alemão, Árabe e
Espanhol – se queixaram da existência de malefícios advenientes da
estandardização das respetivas ortografias.
- O PEN Internacional considera que a estandardização ortográfica limita a
criatividade e a diversidade na Língua Portuguesa; a "prová-lo" deu como bons exemplos
de respeito pela criatividade e diversidade precisamente duas Línguas
internacionais com ortografia estandardizada: o Francês e o Espanhol, como se pode ler nos dois trechos seguintes extraídos da tradução divulgada pelo Centro português::
"A força motriz da língua francesa hoje em dia, com origem em todas as suas bases pelo mundo fora, é de tender para uma inclusão das diferenças na língua. O resultado é a possibilidade crescente de uma atmosfera nova e muito positiva em torno do Francês, por exemplo em África."
"São precisamente as diferenças locais, nacionais e hemisféricas dentro da língua espanhola que lhe conferem uma força crescente. As diferenças nutrem-se mutuamente. A criação do Dicionário da Real Academia Espanhola, em cooperação com as Academias de língua espanhola em todo o mundo, tinha como objectivo incluir todas essas diferenças."
- O PEN Internacional desaprova que em Portugal a ortografia esteja a ser
imposta através do Estado; mas nada refere quanto ao facto de todos os Estados
imporem a norma ortografia pelas mesmíssimas vias administrativas.
- O PEN Internacional lamenta que as empresas exijam que os tradutores escrevam
sem erros ortográficos, isto é, segundo a norma ortográfica vigente; mas não
parece mal ao PEN que se passe o mesmo em qualquer outro país, sob pena de serem
os utentes da Língua a queixarem-se dos tradutores e das empresas que os
contratam.
- O PEN Internacional queixa-se da suposta obrigatoriedade do uso de
ortografia atualizada pelos escritores; mas omitiu o facto de não existir
qualquer escritor que alguma vez tenha sido impedido de publicar usando a ortografia
antiga.
Infelizmente, o PEN Internacional atendeu apenas à opinião que foi aprovada
pela maioria dos associados do Centro português Foi pena, porque, por
exemplo, talvez a consideração da opinião de escritores como Alice Vieira, Lídia Jorge, Mia Couto, ou José Eduardo Agualiua tivesse impedido o PEN de aprovar um parecer que pede
para a Língua Portuguesa um estatuto de inferioridade face àquele que atribui a
outras Línguas internacionais.
Leituras complementares:
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